Conto de Fadas visto por outro ângulo.

E o principe junto com sua princesa viveram felizes para sempre. Assim termina a maioria dos contos de fadas, ao menos aqueles da Disney. Na verdade, as histórias não nasceram bem assim. O que muitas pessoas desconhecem, é que os contos de fadas originalmente não eram destinados as crianças mas sim aos adultos … contados em locais como reuniões, bares, casas de banho, praças, com o intuito de divertir e ao mesmo tempo colocar uma lição de moral onde os personagens aprendiam, na maioria das vezes de forma bem sangrenta, a seguir o bom caminho. Quando os irmãos Grimm resolveram remodelar algumas destas histórais contadas a muitas gerações – com variações de acordo com o local onde ela se passava – criaram também os contextos mágicos e finais felizes.

Veja alguns exemplos destas mudanças nas histórias abaixo. Com certeza você conhece a maioria delas mas não como originalmente eram contadas:

CHAPEUZINHO VERMELHO

Em uma das primeiras versões de Chapeuzinho Vermelho, contadas por Charles Perrault, ela foi visitar a vovó, apesar da mãe insistir para que não fosse pela floresta. Encontrou o lobo no caminho que lhe indagou para onde ia; depois disso ele tomou um atalho e chegou primeiro a casa da vovó onde devorou-a e colocou um pouco da sua carne e sangue em potes sobre a mesa. Quando chegou a casa, o lobo, usando as roupas da vovó, ofereceu “carne e vinho” a chapeuzinho e depois pediu que ela tirasse as roupas e as jogasse no fogo, para deitar-se nua na cama com a vovó-lobo e se aquecer. As clássicas perguntas também são feitas e ao chegar na parte dos dentes a vovó-lobo responde: É para lhe comer melhor. Assim, o lobo a devora  e fim da história. Sem caçador, salvação ou final feliz.

CINDERELA

Fada Madrinha? Irmãs Malvadas? Madrasta? Sim. Tudo isso fez parte da história de Cinderela pré irmãos Grimm porém o final não é tão feliz quanto parece, apenas para a nossa protagonista. Depois de fugir da festa por causa do encanto que se desfaz a meia noite, ela esquece seu sapatinho de cristal na escada do palácio e volta para sua casa escondendo-se no sótão. No dia seguinte, o principe percorre o reino em busca do pé que calçou aquele sapatinho na noite anterior mas quando já está quase desistindo chega a casa de um falecido nobre onde vivem três moças com sua madrasta e que também estavam no baile. Quando a segunda irmã experimentava o sapato, a ultima, tomada pelo desespero corta os próprios dedos para que o sapatou coubesse mas não adianta. Quando já estava indo embora o principe vê pela janela que existe uma moça no sótão e ao vê-la, na mesma hora a reconhece levando-a embora. Como castigo, pombos voam sobre a cabeça das irmãs de Cinderela e cega as três, bicando seus olhos. E uma delas ainda fica manca pelo resto da vida.

BELA ADORMECIDA

Nos primórdios desta história nossa Bela Adomercida também sofre com um feitiço mas nada de tear e sim um fio de linho que fica preso embaixo da sua unha. Ao adormecer, passam-se anos até que um rei a descobre no palácio e mesmo já sendo casado, se apaixona por ela chegando ao ponto de possui-la enquanto ela ainda dorme. Nove meses depois Bela passa pelo parto de duas crianças gêmeas e com isso acorda do encanto. O problema é que a primeira esposa do rei descobre tudo e planeja matá-la  e aos seus filhos mas seus planos dão errado quando ela morre queimada na fogueira que preparava para jogar a família da Bela Adomercida.

Outra vertente, esta de Perrault, indica que o principe beija Bela que desperta apaixonada. Casam-se, tem filhos gêmeos e quando se preparam para um “felizes para sempre” o príncipe é chamado para liderar uma  batalha deixando a esposa e filhos sob os cuidados da mãe que nutria um amor obsessivo por ele. Quando o príncipe viaja a rainha planeja devorar no jantar, Bela e os filhos, mas um cozinheiro os ajuda a escapar e a rainha acaba cometendo suicidio por causa da rejeição do príncipe.

Gostaram? Pois é, nem tudo é o que parece não é mesmo?