Os cientistas do Centro Europeu para a Pesquisa Nuclear (Cern) conseguiram nesta terça-feira, pela primeira vez na história, recriar o Big Bang. Os responsáveis pelo maior colisor de partículas do mundo (o LHC) informaram que o aparelho desencadeou choques de prótons geradores de uma energia recorde, com o objetivo de recriar condições similares à da grande explosão que teria dado origem ao universo.
O experimento consiste em colidir partículas no nível mais alto de energia já tentado. Dessa forma, é possível recriar as condições em que o Big Bang teria se dado, há 13,7 bilhões de anos. Os cientistas aceleraram os prótons a 7 tera eletron volts (Tev) - o equivalente a 7 trilhões de eletronvolts. Isso significa que os prótons correm a 99,99% da velocidade da luz (cerca de 300.000 quilômetros por segundo), ou 11.000 voltas por segundo no megatúnel de 27 quilômetros do Grande Colisor de Hádrons (LHC).
Os aplausos foram intensos nas salas de controle quando os detectores do LHC, um túnel circular instalado na fronteira entre França e Suíça, marcaram o choque de partículas subatômicas. "Isto é física em ação. O início de uma nova era", disse Paola Catapano, cientista e porta-voz do Cern, de Genebra, ao anunciar o experimento.
O LHC começou a circular partículas em novembro passado, depois de ser fechado em setembro de 2008 por causa de superaquecimento. Vários cientistas pelo mundo acompanham os trabalhos. O LHC foi lançado com pompas em 10 de setembro de 2008, mas apresentou problemas nove dias depois. Os reparos e as melhorias custaram 40 milhões de dólares, até que o aparelho voltou a operar no fim de novembro.
O sucesso desta terça foi obtido após de duas tentativas frustradas durante a madrugada. Segundo os cientistas, o experimento abre portas para uma nova fase da física moderna, ajudando a responder muitas perguntas sobre a origem do universo e da matéria. Explosões como essa criam "Big Bangs em miniatura" e produzem dados que a ciência analisará durante os próximos anos.
Agora, os cientistas pretendem operar continuamente o LHC durante os próximos 18 ou 24 meses, com um curta pausa técnica no final de 2010. O Cern espera encontrar evidências concretas da matéria escura, que os cientistas acreditam que compõe 25% do universo mas cuja existência nunca foi comprovada. "Se conseguirmos detectar e entender a matéria escura, nosso conhecimento vai se ampliar para abranger 30% do Universo, o que seria um avanço enorme", disse Rolf Dieter Heuer, diretor geral do Cern.
Astrônomos e físicos acreditam que apenas 5% do Universo é conhecido hoje e que o restante invisível consiste de matéria escura e energia escura, que compõem respectivamente 25% e 70% do Universo. A energia extra obtida no LHC europeu deve revelar dados sobre algumas questões ainda não respondidas na Física de partículas, como a existência da antimatéria e a busca pelos bósons de Higgs, uma partícula hipotética que, segundo cientistas, daria massa a outras partículas e, com isso, para outros objetos e criaturas no universo.
As colisões chegaram a causarar temor em algumas pessoas, que temiam riscos para o planeta por causa da criação de pequenos buracos negros - versões subatômicas de estrelas que entram em colapso gravitacional -, cuja gravidade é tão forte que eles podem sugar planetas e outras estrelas. O Cern e muitos cientistas rechaçam qualquer ameaça à Terra ou às pessoas, afirmando que esses buracos negros seriam tão fracos que se desfariam quase logo após serem criados, sem causar problemas.
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